Sempre fui meio moleque, as coisas na minha vida sempre se passavam batida, nunca gostei de bonecas nem de batons. Tinha coleções de bila, jogava pokemón, colocava apelidos nos colegas e adorava jogar bola no meio da rua. Sempre fui a mais corajosa dentre as outras garotas da minha idade, era chamada de esquisita, de brega e de 'maria machão'. Só tinha amigos homens, e isso prevaleceu ate sempre. Embora eu sempre tenha sido meiga, calada, sorridente e de uma beleza encantadora, garotos não me olhavam a não ser para chamar para jogar bola. Sempre fui muito atrevida, nunca ninguém me deixava pra baixo e levava comigo a seguinte frase: "se fizerem o mal com você, faça três vezes pior". Gostava do batman, do chaves e do bob esponja, brincava de power rangers e mesmo todo mundo me achando esquisita, muitos me achavam maneira. Nada na minha vida foi tão real, quando se tratava de amor, nunca me apaixonei, nem pensei em beijar logo cedo, enquanto meninas da minha idade estavam todas com seus 'namoradinhos' eu não estava nem me preocupando com isso. E então uns 6 anos depois eu me deparo aqui comigo mesma, a mais vaidosa do mundo, a engraçadinha e a apaixonada da vez. Tudo mudou, mas parece que agora eu tô mais mulher, tô mais feminina, tô crescendo. Mas se tem uma coisa que eu nunca vou esquecer, é da minha infância, da minhas bilas e cartas de yug yo, dos peões que eu não sabia domar e da minha inocência, doce e velha inocência que com o passar do tempo eu fui perdendo, até chegar aqui!

Hanna Cunha